O overtraining pode ser definido como sendo a condição na qual as pessoas apresentam baixo nível de desempenho, apesar do treinamento continuado ou até mesmo aumentado (Maughan, Gleeson e Greenhaff, 2000). A grande causa do estabelecimento do estado de overtraining é o excesso de exercício, conduzindo a uma resposta de estresse, intensificada pelo tempo insuficiente de recuperação entre os períodos de atividade. Segundo Lima (2001, citada por Arruda, 2002) os principais sintomas apresentados são o aumento da pressão arterial e dos batimentos cardíacos, a insônia, a irritabilidade e queda do sistema imunológico. Como conseqüências do overtraining, vários tipos de lesões músculoesqueléticas podem surgir, dentre as quais destacam-se os chamados microtraumas, que podem ser definidos como sendo traumas que não causam dor, edema ou impotência funcional, mas que, pela repetição excessiva de exercícios, produzem lesões no tecido muscular, surgindo, assim, as lesões causadas por overtraining. Devido ao seu caráter silencioso e a gravidade quer podem representar quando se manifestam clinicamente, são considerados o "câncer" da prática esportiva (Matsudo, 2002). Os principais exemplos de microtraumas disseminados no meio esportivo são as osteocondrites, fraturas por estresse, miosites, tendinites, rupturas parciais e rupturas totais de tendões.
- A ruptura pode ser mais ou menos grave conforme a extensão de feixes afretados.
- Considera-se que os factores a seguir mencionados predispõem para este tipo de lesões: Biótipo do desportista (os brevílineos musculares e tónicos são os mais afretados). Inactividade prolongada. Execução de exercícios intensos sem prévio e adequado aquecimento. Fadiga muscular.
- Sinais: No momento em que se produz a ruptura, o lesionado sente uma dor intensa que abranda com o repouso e volta a aparecer quando se contrai novamente o músculo lesionado. Pouco tempo depois aparece um inchaço devido ao hematoma produzido, acompanhado de derrame sanguíneo (equimose). Tudo isso acarreta uma impotência, em maior ou menor grau, do músculo afretado.
- Comportamento a seguir (Prevenção): Ter em atenção aos atletas com dores musculares localizadas. Começar, sempre, qualquer sessão ou competição com um aquecimento (geral e específico) adequado. Ter em atenção o aparecimento da fadiga muscular (diminuir a intensidade ou terminar os exercícios).
- O que não se deve fazer: Aplicar calor ou massajar, sem que tenham passado 24-48 horas, pelo perigo de aumentar o derrame sanguíneo. Proibir a anestesia local e temporária com a finalidade do atleta continuar o exercício físico, pois poderá aumentar a ruptura.
- O que se deve fazer: Repousar o músculo afretado. Aplicar compressas. Aplicar frio (bolsa de gelo) sobre o penso compressivo. Tomar anti-inflamatórios.
Espasmo muscular
O espasmo muscular é uma resposta motora involuntária que pode estimular os receptores de dor constantemente e causar isquemia local; portanto, o espasmo tem sido associado a uma possível causa da dor muscular tardia; contudo, Bobbert, Hollander e Huijing (1986) não detectaram aumentos no sinal eletromiográfico (EMG) de repouso, apesar da dor muscular localizada. A presença de alterações na atividade eletromiográfica em repouso representaria a ocorrência de espasmos na musculatura que foi exercitada. Eles testaram 11 sujeitos, e horas após um protocolo de exercícios, envolvendo flexão plantar e flexão dorsal. Os resultados indicaram que não houve dor muscular induzida por espasmos, uma vez que o EMG não se alterou entre as condições de pré- e pós-exercício.
Foi sugerido que a formação de edema, mais do que a ocorrência de espasmos, foi responsável pelo aumento no volume da perna pós-exercício e na percepção de dor.
Conclusões similares foram obtidas por Friden, Sfakianos e Hargens (1986). Estes investigadores observaram uma pressão elevada causada por acúmulo de fluído intramuscular, o qual foi acompanhado por severa dor muscular após uma carga de exercícios excêntricos, executados com os membros inferiores. O ESPASMO MUSCULAR nada mais é que a contração exagerada e permanente de um músculo. O músculo contraído fica mais encurtado, mais "TRAVADO".
OBS: Outras Lesões no Esporte
Contratura muscular, distensão muscular, cãibra: muitas vezes nos confundimos com alguns termos utilizados no meio esportivo, relacionados a lesões. Vamos apresentar alguns conceitos básicos e dicas para reconhecê-las e socorrer vítimas.
Cãibra
É uma contração muscular involuntária e dolorosa, que ocorre mais freqüentemente nos membros. O ataque dura, em geral, alguns segundos e desaparece subitamente. Observa-se o endurecimento no grupo muscular afetado.
O que fazer?
Alongue vigorosamente o músculo que está com contratura. Nas cãibras fortes que deixam os músculos doloridos por um ou mais dias , procure orientação de um médico. Se os episódios se repetem com freqüência, mesmo sem atividade física, a origem pode ser metabólica, vascular ou neurológica e merece tratamento especializado.
Contratura muscular
É uma dor localizada num músculo longo, sem sinais de ruptura. Surge num músculo que não foi alongado antes do exercício ou por esforço muito grande, mas não o suficiente para romper as fibras. Não impede as atividades rotineiras, mas dificulta algumas atividades esportivas. Muitas vezes, ao tocar a região, é possível identificar um certo endurecimento muscular bem delimitado.
O que fazer?
Aplicações locais de gelo por 30 minutos, diminuir a atividade física do músculo atingido, fazer alongamentos não intensos e consultar seu médico.
Distensão muscular ou estiramento
É uma ruptura parcial do músculo. É caracterizada pelo "sinal da pedrada" em grande esforço ou velocidade, o paciente tem a sensação nítida de que recebeu uma pedrada. A dor e a incapacidade de usar o músculo são imediatas. Pode haver sangramento (hematoma). Comum nos músculos da batata da perna (gêmeos), da coxa (quadríceps, bíceps femural e adutores da coxa), e do braço (bíceps e tríceps).
O que fazer?
Aplicar gelo por 30 minutos, elevar o membro lesado, suspender a atividade física e procurar seu médico.
Uma distensão ou estiramento muscular, caracteriza-se por um rompimento parcial ou completo de fibras ou feixes musculares, resultante de um esforço extremo realizado pelo
músculo em questão.
1Junto com os feixes, são rompidos também
capilares sanguíneos, resultando numa infiltração de
sangue no local da lesão, formando posteriormente um coágulo. Em casos graves, onde muitos feixes são rompidos, o músculo pode sofrer uma
ruptura muscular. As distensões são mais facilmente reconhecidas que as
contraturas musculares, uma vez que a dor causada pela ruptura dos feixes é imediata, impossibilitando a continuidade do exercício.
Estrutura de um músculo esquelético e suas membranas de tecido conjuntivo.